RECTE REMPUBLICAM GERERE

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mário Augusto Jakobskind, 5/2/2008

AvaliaçãoAvaliaçãoAvaliaçãoAvaliaçãoAvaliaçãoGovernador do RJ manda prender blogueiro



Por Mário Augusto Jakobskind em 5/2/2008

O governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, está botando os pés pelas mãos, sobretudo na área de segurança. Ele o seu secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, aprontam de tal maneira que já estão sendo considerados inimigos da Polícia Militar.

A última do governador, que passa as horas de lazer em sua casa em Portobelo, em Mangaratiba: ordenou a primeira prisão de um blogueiro no Brasil, o tenente da Polícia Militar Melquisedec Nascimento, presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), um sindicato de policiais. E isso em pleno carnaval.

Inconformado com as críticas feitas pelo oficial no blog Militar Legal, que cobra as promessas de campanha, sobretudo as relacionadas com o reajuste de salários dos PMs, Cabral decidiu mandar prender Melquisedec.

Quatro PMs da Corregedoria da corporação foram à casa do tenente blogueiro dizendo ter ordem para levá-lo a prestar depoimento e depois prendê-lo administrativamente. O chefe da 3ª Delegacia da Polícia Judiciária Militar, tenente-coronel Alexandre Rodrigues do Nascimento, no entanto, negou que haja ordem de prisão contra Melquisedec, que não foi encontrado em seu domicílio, mas admitiu que a convocação foi para esclarecer o motivo pelo qual colocou em seu blog a fotomontagem de Cabral como Pinóquio.

O governador, que se irrita com qualquer tipo de críticas, não agüentou quando viu seu retrato estampado com o chapéu e nariz de Pinóquio. Cabral apenas é acusado de repetir o que fazem políticos de sua envergadura quando correm atrás dos votos, ou seja, prometem nos palanques e forma a iludir os incautos.

Teoria na prática é outra

Ao decretar a prisão de Melquisedec, Cabral demonstrou que não respeita a livre manifestação de pensamento. Não adiantam discursos de defesa da democracia, que costuma fazer em solenidades para agradar platéias, quando na prática age de forma autoritária. Cabral é o exemplo concreto de como a teoria na prática é outra.

Não é hora das entidades defensoras da liberdade de expressão se manifestarem contra o desrespeito do governador Cabral? O silêncio é, na prática, compactuar com a arbitrariedade. Ou não?

Quem semeia vento colhe tempestade. O autoritarismo de Cabral fez com que em alguns blogs ele apareça com o bigode característico e chamado de Adolfo, numa alusão a Hitler. Se continuar semeando ventos arrisca-se inclusive a colher maiores tempestades ampliando a inconformidade dos policiais militares, com graves conseqüências.

"Colombizando" o Rio de Janeiro

A crise na segurança pública no Rio está visivelmente se agravando. A política preconizada por Cabral e seu secretário Beltrame, com graves reflexos nas áreas pobres, está na prática "colombizando" o Rio de Janeiro. Aliás, depois que voltou da Colômbia, onde a política de segurança recebe a assessoria de militares e agentes de inteligência estadunidenses e israelenses, Cabral tem se revelado um entusiasta no modelo de confronto adotado por lá no combate à violência urbana. O governador tem constantemente criminalizado a pobreza e perde as estribeiras quando é questionado nesse sentido. E a mídia conservadora aplaude de bom grado as seguidas declarações da autoridade máxima do estado do Rio, o que na prática incentiva o seu procedimento.

Como se tudo isso não bastasse, o secretário Beltrame vem sendo acusado de ter vínculos com uma empresa da área de inteligência, especializada em grampear telefones. Trata-se de uma acusação grave, e a única forma de esclarecer se a denúncia tem ou não fundamento é investigá-la a fundo. A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) poderia ser convocada nesse sentido. Resta saber se os parlamentares daquela Casa Legislativa toparão fazer isso, uma rotina na democracia, por se tratar de um procedimento que visa esclarecer uma grave dúvida que paira no ar.

Quanto às dependências de alto luxo de Cabral em Portobelo, onde só moram ricaços, a pergunta que se faz é de como um político sem berço de ouro pode ter uma propriedade deste tipo? Muitos perguntam: herdou, ganhou na mega-sena, deu o golpe do baú, economizou ou...? O que tem a dizer o governador?

Fonte: Observatório da Imprensa - Caderno da Cidadania - http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=471CID002

VER TAMBÉM:

Vídeo: Sérgio Cabral Filho manda prender blogueiro (por Ricardo Boechat) - http://liberdadedeexpressao.multiply.com/video/item/15

 Matéria original publicada em: http://liberdadedeexpressao.multiply.com/reviews/item/111

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Alberto Murray Olímpico, 16 de agosto de 2010


Sinto muito por dirigir-me ao governador do Estado do Rio de Janeiro desta maneira. Poderia escolher uma profusão de adjetivos polidos para criticá-lo. Entretanto, quem me dá, assim como ao povo do Brasil, a liberdade de chamá-lo dessa maneira é o próprio. Pilhado por uma câmera de televisão chamando uma criança de “babaca” e “otário”, o governador refletiu a imagem daquilo que de pior, de mais cafajeste, existe na política. Se o próprio Sergio Cabral (o filho) entende conveniente esse linguajar, não será ele que se zangará quando seu interlocutor também qualificá-lo como “babaca”, na falta de algo pior, para repudiar o péssimo governo que vem fazendo no Rio de Janeiro.
Aquele que agride verbalmente um menino, menor de idade, mostra a sua verdadeira cara. E que não se diga que se tratou” de uma conversa informal” e que seus insultos foram “reações a uma provocação encomendada”. O governador do Estado não poderia ter feito isso.
E de mais a mais, o tal menino do Rio não contou nenhuma mentira. Eu bato sempre na tecla de que as facilidades esportivas do Rio de Janeiro não são abertas ao povo. Ficam mofando, mal tratadas, deterioradas, enquanto poderiam estar a serviço da educação e da massificação do esporte.
Babaquice não é questionar o governador pela falta de política esportiva social no Estado.
Estultice é fingir que essa política existe, é dar guarida aos malfeitores do esporte e tentar justificar as obras super faturadas dos Jogos Pan Americanos Rio 2.007, é dizer que os Jogos Olímpicos de 2.016 irão resolver a enormidade de problemas que, há anos, acumulam-se e agravam a situação do Rio, calamitosa nas áreas de saúde, educação, moradia, transporte, meio ambiente, segurança e saneamento básico.
E por falar em calamidade, dar de “babaca” é o governador ficar confortavelmente instalado em sua mansão nas cercanias de Angra dos Reis enquanto, não muito longe dali, casas desmoronavam e pessoas não tão abastadas morriam soterradas.
Aliás, outra babaquice é sustentar ao povo que sua casa de veraneio foi comprada e decorada com as economias decorrentes dos vencimentos auferidos quando exercia o ofício de  jornalista e complementadas pelos salários de alguém que, muito jovem, entrou para a política.
Cabral Filho traiu a biografia do pai,  fustigado que foi pela ditadura militar (mesmo considerando o período de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado)
Quando Cabral Filho chamou a pobre criança de “babaca” e “otário”, ficou-se com a seguinte impressão. O “babaca” é ele. E “otário” será o povo, se continuar dando-lhe votos para acabar de estragar o Rio.

Matéria original publicada em: http://albertomurray.wordpress.com/2010/08/16/sergio-cabral-filho-e-um-babaca/

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Felipe Sáles - 27.07.2010

No Twitter, Cabral privilegia perguntas de 'chapas brancas'

A ideia era responder a 15 perguntas dos eleitores-internautas via Twitter, mas o governador Sérgio Cabral preferiu, claro, privilegiar pessoas simpáticas a sua candidatura. Das cinco perguntas enviadas até agora, pelo menos duas foram feitas por uma conta do Twitter cuja foto faz campanha do candidato à reeleição.
A primeira pergunta respondida por Cabral foi sobre a segurança na área da Leopoldina, e o governador, claro, adorou escrever as letras "U" "P" "P". Quem enviou foi Samuel Dionízio, homônimo (ou seria o próprio?) do ex-chefe de Estado-Maior da PM no início da gestão Cabral, na época, um dos principais interlocutores da corporação com o governo. A segunda foi também sobre segurança pública e, em seguida, vieram uma de cultura e duas de transporte público, estas, feitas por @transportesinfo, que faz campanha para Cabral.
O governador aproveitou a deixa para prometer renovar a frota de trens do MetrôRio e da SuperVia já no ano que vem, além de, claro, anunciar a construção da lendária linha 3 do metrô, ligando Itaboraí a Niterói, e da linha 4, ligando a estação General Osório ao Jardim Oceânico na Barra da Tijuca.

Matéria original publicada em: http://extra.globo.com/geral/extraextra/posts/2010/07/27/no-twitter-cabral-privilegia-perguntas-de-chapas-brancas-311573.asp

terça-feira, 20 de julho de 2010

Evandro Éboli e Duilo Victor, 20 de julho de 2010

Cabral culpa seus antecessores por fracasso dos colégios estaduais no Enem 2009

 

Publicada em 20/07/2010 às 09h01m
Evandro Éboli e Duilo Victor
BRASÍLIA e RIO - O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), culpou nesta segunda-feira os governos passados pelo fracasso dos colégios estaduais no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2009. Ele disse que a expectativa é de melhora no desempenho dos alunos. Entre as 50 melhores instituições da capital do estado, há apenas uma estadual, o Colégio de Aplicação da Uerj.


- Ter alguns colégios que tiveram pior desempenho numa rede de 1.300 unidades, com o nível de carência com que assumimos a educação no nosso estado... Temos uma expectativa de, a cada ano, ir avançando. Temos uma política clara de reposição salarial para os professores, de recuperação física das unidades escolares. E tivemos 700 colégios com nota de ensino regular, acima da média do MEC. Mas longe do ideal. Longe - disse Cabral, em Brasília, onde esteve para assistir à assinatura da MP que aumenta o limite de endividamento das cidades-sedes da Copa de 2014.
Cabral, que tenta a reeleição, afirmou que é preciso tempo para resolver o problema:
- O ideal é política de médio e longo prazo. Educação não tem mágica. Foram mais de 30 anos de destruição. Mas estamos recuperando.
Cabral frisou que o colégio da Uerj é o primeiro colocado no Brasil entre todos os estaduais. Esse colégio ocupa, no ranking nacional, o 17 lugar. É o primeiro estadual na lista da elite do ensino médio brasileiro.
Gabeira critica desempenho das escolas estaduaisAdversário de Cabral na disputa pelo governo estadual, o deputado Fernando Gabeira (PV) criticou o desempenho das escolas estaduais no Enem e propôs reformular o currículo escolar no ensino médio fluminense para resgatar o interesse dos alunos e melhorar o desempenho:
- O desempenho das escolas estaduais no Enem foi fraco. Esses estabelecimentos já tiveram um péssimo desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Em contrapartida, tivemos, assim como no Ideb, escolas públicas com desempenho excelente, por causa do empenho particular dos professores. Temos que pegar os bons exemplos e criar meios de universalizá-los.

Sobre a ideia de alterar o currículo do ensino médio, Gabeira propõe criar uma fórmula na grade escolar em que cada aluno tenha a chance de escolher disciplinas com as quais tem mais afinidade.
- A proposta é reexaminar o currículo e criar, junto com as disciplinas obrigatórias, matérias opcionais, como já ocorre hoje nos Estados Unidos.
Em seu programa de governo, Gabeira acusa a atual gestão de nomear diretores para cargos nas coordenadorias regionais da Secretaria de Educação "quase sempre" com critérios político-partidários. Na lista de promessas para a educação, há também na pauta do candidato elevar o salário dos professores para o mesmo nível de São Paulo e Minas. Para aproximar o ambiente familiar das escolas, Gabeira é a favor de ideias como abrir os estabelecimentos nos fins de semana para atividades extraclasse. Outra proposta é tornar o treinamento de professores mais objetivo.
- Os cursos de formação de professores são muito voltados para disciplinas como filosofia e sociologia da educação, e não para a o ensino da matéria que terão que passar objetivamente em classe.

Para presidente da OAB, resultados do Enem assustamO presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcanti, divulgou nota classificando os resultados do Enem de assustadores. Para ele, isso se reflete na advocacia. "No exame de Ordem, essa constatação fica muito mais clara pois muitos egressos do ensino público também prestam as provas, e o índice de reprovação é bastante semelhante ao do Enem. A educação no Brasil está na UTI e precisa de um choque efetivo".


Matéria original publicada em: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/07/20/cabral-culpa-seus-antecessores-por-fracasso-dos-colegios-estaduais-no-enem-2009-917192219.asp

JB online, 28 de junho de 2010

PM em pé de guerra por causa de aumento a delegados

Jornal do Brasil

RIO - O comandante-geral da Polícia Militar do Rio, coronel Mário Sérgio Duarte, espera ser recebido hoje pelo governador Sérgio Cabral para um encontro que tem todos os ingredientes para ser tenso. O líder da tropa no estado está a um passo de deixar o cargo – e acompanhado por comandantes de batalhões. O motivo é a diferença gritante entre os reajustes concedidos aos policiais militares (10%) e aos delegados da Polícia Civil, que somarão 87,34%, em aumentos mensais até julho de 2012.

O clima quente na PM, entre os oficiais com cargo de comando em batalhões, surgiu este mês, poucos dias após a sanção de um reajuste de 10% para servidores da área de segurança pública, inclusive policiais militares e delegados. Na semana passada, o governador Sérgio Cabral enviou à Alerj um projeto de lei para conceder um reajuste adicional de 70,3% a mais de mil delegados. Foi aí que o ambiente azedou no comando da PM.

O descontentamento do comandante-geral da Polícia Militar e dos chefes dos batalhões, até agora tratado com sigilo junto à mídia, tem motivos claros e simples: o reajuste em patamares tão distintos criará um enorme desnível no topo das duas forças de segurança do estado ao fim dos aumentos unilaterais para os delegados, em julho de 2012.

O reajuste extra exclusivo aos delegados também desperta críticas dentro da própria Polícia Civil. Em off, servidores da corporação reclamam que a medida criará distorções internas. Por exemplo, um inspetor em início de carreira receberá somente 15% do salário de um delegado, incluídas aí as suas gratificações.

A ideia de oferecer um reajuste extra aos delegados da Polícia Civil teria surgido após a constatação de que muitos deles estariam trocando a carreira por cargos mais rentáveis, como os de defensor e promotor público, entre outros.

12:11 - 28/06/2010

 Matéria original em: http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/06/28/e28069550.asp

AUMENTO DOS DELEGADOS - CABRAL VOLTA ATRÁS.


Os boatos que circulam pela grande rede, acabam causando confusão, assim sendo, presto alguns esclarecimentos para nivelar o que anda sendo dito por aí, sobretudo no Quartel General da PMERJ:

- Mário Sérgio não pedirá exoneração (novamente).

- Ele chegou na sexta-feira (estava no exterior), após saber do aumento para os delegados, se reuniu com a área financeira da PMERJ; com Beltrame e com Cabral.

- A reunião com o governador foi hoje.

- Diante do tiro no pé que deu, o governador Sérgio Cabral deverá encaminhar uma nova mensagem para a ALERJ, ainda hoje, concedendo o mesmo reajuste dado aos delegados da Polícia Civil, para a tiragem, o DESIPE, a PMERJ e o CBMERJ.

- O reajuste será concedido em 48 parcelas, diferente dos delegados, que receberão em 24 parcelas, continuando sendo os PREFERIDOS do Rei do Rio.

- A ALERJ tem que aprovar até quarta-feira.

Imaginem o que irá ocorrer no Rio de Janeiro nas áreas da saúde, educação, justiça, etc.

JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

 Matéria original em: http://confessionariodeumpm.blogspot.com/2010/06/aumento-dos-delegados-cabral-volta.html

domingo, 18 de julho de 2010

Jorge Antonio de Barros: 18 de julho de 2010


Cabral pede desculpas, mas não vai a enterro de Wesley


O governador Sérgio Cabral acertou ao cancelar uma carreata em Santa Cruz, mas errou ao não enviar sequer representante ao enterro do menino Wesley, de 11 anos, que foi morto por uma bala perdida durante confronto entre PMs e traficantes em Costa Barros, subúrbio do Rio. Imagine que situação constrangedora seria para cidadãos mais conscientes ver fotografias de Cabral acenando e sorrindo, enquanto uma parte da cidade estivesse em luto com a morte injustificável de uma criança, que estava em aula numa escola no meio do fogo cruzado. Portanto, meus parabéns aos estrategistas políticos de Cabral.

Por outro lado, dou meus pêsames aos conselheiros políticos que não são capazes de orientar seus clientes a estarem presentes em locais públicos como um cemitério, para levar uma palavra de conforto a parentes de vítimas da violência, como foi o caso de Wesley. E não sou o único a pensar assim. O pai de Wesley, Ricardo Freire, se queixou de ter sentido falta da presença de Cabral, de uma autoridade estadual que fosse, para transmitir apoio à família, nesse momento de tamanha dor, diante da morte mais absurda e inaceitável - a morte por uma violência absolutamente gratuita e desnecessária.

- Meu filho é só mais uma estatística do governo. O governador não liga para a gente - disse o pai de Wesley, no enterro do único filho, ao comentar a ausência de um representante do poder público no cemitério.

Leia aqui no meu Twitter a frase mais comovente do pai do menino, que resultou em mais de 150 reproduções por internautas, marca similiar apenas quando grandes usuários do microblog escrevem algo.

Infelzmente no Brasil as autoridades ainda não aprenderam que é importante estar no local da tragédia, sobretudo quando elas e seus executivos são de alguma forma responsáveis pelo que aconteceu de ruim, geralmente a pessoas pobres e já acostumadas a viverem no vácuo das decisões políticas. É muito importante o homem público não perder a sensibilidade de que em alguns momentos é preciso levantar-se da cadeira e deixar o conforto dos gabinetes bem refrigerados e ir às ruas ver como o povo está. Não é preciso buscar exemplos antigos. Ontem mesmo o ministro do Interior francês, Brice Hortefeux, foi até o local de manifestações violentas em Grenoble e disse aos moradores que a situação já está sob controle. Na nossa cultura, algumas pessoas acham que isso é demagogia. Já eu acredito que para quem vive um drama qualquer aceno é bem-vindo, desde que a pessoa não seja arrogante.

Quando o menino João Hélio foi arrastado pelas ruas e assassinado por um bando de facínoras, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e o então comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Angelo, foram à missa de sétimo dia, na Candelária. De folga, eu os encontrei lá e depois segui na caminhada de protesto na Avenida Rio Branco. Na ocasião, elogiei as autoridades por seu feito, que não me lembrava de ter visto em gestões anteriores. Era o início do governo Cabral.

Agora, portanto, me sinto livre para manifestar minha completa decepção com a atitude do secretário de Segurança, que parece ter algo mais importante a fazer do que estar presente numa cerimônia fúnebre de uma vítima da violência como essa. É verdade que poderiam até passar a exigir que ele estivesse presente em todos os enterros de vítimas da violência na cidade e não sobraria mais tempo em sua agenda. Mas quando não pudesse ir que enviasse um representante, um chefe da Polícia Civil ou da Polícia Militar.

Mas o caso é um pouco mais grave. Além de o governo do estado não ter enviado qualquer representante ao enterro do pequeno Wesley, traçou como estratégia política o silêncio, na tentativa de abafar mais um caso de violência que acontece na Zona Norte da cidade. Afinal, como já disse Beltrame, só repercute mesmo tiro em Copacabana.

Desde cedo as assessorias de imprensa do Palácio Guanabara e da Secretaria de Segurança não foram encontradas pelos jornalistas. Diante da cortina de silêncio que percebi que estava sendo montada, recorri ao Twitter (www.twitter.com/reporterdecrime) para manifestar minha indignação com a morte de Wesley e com a tentativa absurda de ignorarem o caso. Após minha pequena campanha - que atraiu a atenção dos internautas e de pesquisadoras como Ilana Casoy - o governador licenciado decidiu se manifestar, no final da tarde.

A assessoria de imprensa do Palácio Guanabara enviou o seguinte email:

"Cabral lamenta a morte do menino Wesley e diz que a pacificao das comunidades vai continuar

O governador Srgio Cabral disse neste sábado (17/07) que a estratégia da operação policial, que resultou na morte do menino Wesley Gilbert Rodrigues de Andrade, de 11 anos, estava errada.

- Só se faz uma operação como aquela, com troca de tiros, luz do dia, com um Ciep funcionando, no meio de um confronto como esse, se for absolutamente impossível evitar. Não era o caso. Poderia ter sido feito em outro momento. Houve um erro na operação - disse o governador.

Cabral lamentou profundamente a perda de uma vida e reafirmou que o Governo do Estado seguir firme na luta pela pacificação:

- Preciso, antes de mais nada, pedir desculpas esta famlia. Sou pai de cinco filhos e posso imaginar o que essa mãe, esse pai, enfim, os seus amigos e familiares estão sentindo. A melhor maneira de homenagear o Wesley continuar a luta pela pacificação.

De acordo com Sergio Cabral, o Governo do Estado não abre mão de seguir firme na luta pela retomada dos territórios dominados pelo poder paralelo. Ele acrescentou que, graças ao trabalho feito até aqui, muitas comunidades do Rio já não sofrem com episódios como este.

- Hoje já são milhares de meninos que não sofrem, que não temem o que o Wesley temia, os tiros, que ele pôs até em uma redação. Vamos continuar trabalhando para pacificar as comunidades do Rio - disse Cabral."

Cabral afirmou timidamente que a PM errou, mas sua assessoria esqueceu de coordenar a comunicação do episódio. Minutos antes o porta-voz da PM disse que a operação estava certíssima. Conversa de maluco, não? O comandante-geral da PM exonera o comandante do batalhão cujos policiais participaram do confronto que matou Wesley, o porta-voz da PM diz que a operação estava ok e o governador diz exatamente o contrário, sem saber o que havia dito o oficial da PM. Só por aí já dá para termos uma ideia do fim de festa que estamos vivendo na área de segurança, apesar de o projeto de pacificação ser bem-sucedido em algumas comunidades.

Quantos Wesleys serão necessários para que a socieadade se convença de que a mobilização popular é o caminho para controlar a violência urbana no Rio? Quantos mais serão precisos para que a gente perceba que o asfalto precisa estender a mão para a favela e ajudar a resgatar a paz naquelas comunidades, sem que essa iniciativa seja apenas do governo?


Matéria original em: http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/posts/2010/07/18/cabral-pede-desculpas-mas-nao-vai-enterro-de-wesley-309066.asp